segunda-feira, 16 de maio de 2016

PÁTRIO


PÁTRIO

 

Quando Karl Marx (1818 – 1883, 65 anos entre datas) foi da Alemanha para a Inglaterra, propondo-se a viver à custa de seu amigo também alemão rico-industrial Friedrich Engels (1820 – 1895, 75 anos entre datas), as condições de vida do operariado eram tenebrosas, para dizer o mínimo. No Manifesto Comunista ele e Engels propuseram o levantamento de todos os operários do mundo para a luta contra as condições super-desumanas de então na Europa.

O lado de baixo da pirâmide sustentava o estreito lado de cima, que vivia à larga, muito mais que agora. O povo na Inglaterra trabalhava 16 horas por dia, inclusive sábados, domingos e feriados, apesar da pressão da Igreja – isso valia para homens, mulheres e crianças, mesmo as crianças pequeninas.

Era terrível.

As conquistas foram imensas e se temos hoje o – tratado com indiferença - Dia do Trabalho em primeiro de maio de cada ano, devemos à luta insana e de muitos sacrifícios da parte de tantos trabalhadores nesses 200 anos. É preciso ler, é preciso meditar constantemente nos ganhos, o dia de trabalho de oito horas em vez de 16 horas (ganho de 50 %), o afastamento das crianças até os 10 anos, depois 14 anos, para os que vão à universidade até os 21 ou os 24 anos – tudo isso merece um livro ilustrado a ser visto e meditado nas salas de aula. As mulheres terem licença maternidade, agora de 120 dias, com o marido em casa durante oito dias após o parto, os jardins de infância que vieram da Alemanha, as creches, em conjunto foi um dos mais admiráveis feitos da humanidade, mercê de Cristo-Deus, porque nasceu no Ocidente, não foi no Oriente ou na fração árabe-muçulmana do mundo. E as férias, então? “Férias pagas”, como se não fosse direito, fossem pagas pelo patrão! E o FGTS e mais tanta coisa que ainda é pouco.

Os “nobres” que nada tinham de nobreza ou dignidade com os de fora de seu círculo, depois os burgueses e capitalistas que passaram a imitá-los destratavam mesmo o povo e os proletários.

Era cruel, era assustador.

Vendo aquela irredutível crueldade, realmente a incitação à revolta e à guerra de classes seria o apontamento preferível. Agora, mercê de todas aquelas lutas, mudou bastante, embora nem de longe seja satisfatório ou objeto de aplausos.

Contudo, mudou, particularmente no Brasil, onde a distância afetiva é pequena. Se você segue em frente numa reta, vai rompendo barreiras, isso é esperto; mas se prosseguir assim para sempre cairá num precipício ou se afogará no oceano ou numa lagoa ou num rio ou trombará com uma montanha.

O que é bom num momento pode não ser no outro.

Agora o adversário não é mais o mesmo, é o aproveitador, o apostador, o capitalista de ações, o investidor tomador de empresas (chamada “tomada agressiva”), o que vive nas sombras e com água fresca, o que não trabalha.

O trabalho do estudante é estudar, o da esposa que prefere ficar no lar no acordo nupcial é ser doméstica, há os doentes que devem ser protegidos, os que precisam de proteção especial (dependentes físicos e mentais) - estes estão postos à parte, não devem ser contados.

O adversário agora é o oportunista, o que propaga o oportunismo, o excesso de oportunidades, não é necessariamente o empresário e não precisa mais haver aquela luta de classes – o investidor que trabalha e o operário podem unir forças num novo partido dos trabalhadores, a que dei esse nome, PÁTRIO, Partido Trabalhador do Investidor e do Operário. Nele não cabem investidores oportunistas como George Soros nem operários oportunistas como Lularápio.

É só uma sigla para um conceito.

Cujo objetivo não é mais a luta de classes, entre duas classes, e sim a luta de ambos os interessados contra os aproveitadores, os boas-vidas, os que não querem trabalhar.

Vitória, domingo, 15 de maio de 2016.

GAVA.

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