PÁTRIO
Quando Karl Marx (1818 – 1883, 65 anos entre
datas) foi da Alemanha para a Inglaterra, propondo-se a viver à custa de seu
amigo também alemão rico-industrial Friedrich Engels (1820 – 1895, 75 anos
entre datas), as condições de vida do operariado eram tenebrosas, para dizer o
mínimo. No Manifesto Comunista ele e Engels propuseram o levantamento de todos
os operários do mundo para a luta contra as condições super-desumanas de então
na Europa.
O lado de baixo da pirâmide sustentava o
estreito lado de cima, que vivia à larga, muito mais que agora. O povo na
Inglaterra trabalhava 16 horas por dia, inclusive sábados, domingos e feriados,
apesar da pressão da Igreja – isso valia para homens, mulheres e crianças, mesmo
as crianças pequeninas.
Era terrível.
As conquistas foram imensas e se temos hoje o
– tratado com indiferença - Dia do Trabalho em primeiro de maio de cada ano,
devemos à luta insana e de muitos sacrifícios da parte de tantos trabalhadores
nesses 200 anos. É preciso ler, é preciso meditar constantemente nos ganhos, o
dia de trabalho de oito horas em vez de 16 horas (ganho de 50 %), o afastamento
das crianças até os 10 anos, depois 14 anos, para os que vão à universidade até
os 21 ou os 24 anos – tudo isso merece um livro ilustrado a ser visto e
meditado nas salas de aula. As mulheres terem licença maternidade, agora de 120
dias, com o marido em casa durante oito dias após o parto, os jardins de
infância que vieram da Alemanha, as creches, em conjunto foi um dos mais
admiráveis feitos da humanidade, mercê de Cristo-Deus, porque nasceu no
Ocidente, não foi no Oriente ou na fração árabe-muçulmana do mundo. E as
férias, então? “Férias pagas”, como se não fosse direito, fossem pagas pelo
patrão! E o FGTS e mais tanta coisa que ainda é pouco.
Os “nobres” que nada tinham de nobreza ou
dignidade com os de fora de seu círculo, depois os burgueses e capitalistas que
passaram a imitá-los destratavam mesmo o povo e os proletários.
Era cruel, era assustador.
Vendo aquela irredutível crueldade, realmente
a incitação à revolta e à guerra de classes seria o apontamento preferível. Agora,
mercê de todas aquelas lutas, mudou bastante, embora nem de longe seja
satisfatório ou objeto de aplausos.
Contudo, mudou, particularmente no Brasil,
onde a distância afetiva é pequena. Se você segue em frente numa reta, vai
rompendo barreiras, isso é esperto; mas se prosseguir assim para sempre cairá
num precipício ou se afogará no oceano ou numa lagoa ou num rio ou trombará com
uma montanha.
O que é bom num momento pode não ser no
outro.
Agora o adversário não é mais o mesmo, é o
aproveitador, o apostador, o capitalista de ações, o investidor tomador de
empresas (chamada “tomada agressiva”), o que vive nas sombras e com água
fresca, o que não trabalha.
O trabalho do estudante é estudar, o da
esposa que prefere ficar no lar no acordo nupcial é ser doméstica, há os
doentes que devem ser protegidos, os que precisam de proteção especial (dependentes
físicos e mentais) - estes estão postos à parte, não devem ser contados.
O adversário agora é o oportunista, o que
propaga o oportunismo, o excesso de oportunidades, não é necessariamente o
empresário e não precisa mais haver aquela luta de classes – o investidor que
trabalha e o operário podem unir forças num novo partido dos trabalhadores, a
que dei esse nome, PÁTRIO, Partido Trabalhador do Investidor e do Operário.
Nele não cabem investidores oportunistas como George Soros nem operários
oportunistas como Lularápio.
É só uma sigla para um conceito.
Cujo objetivo não é mais a luta de classes,
entre duas classes, e sim a luta de ambos os interessados contra os
aproveitadores, os boas-vidas, os que não querem trabalhar.
Vitória, domingo, 15 de maio de 2016.
GAVA.
Nenhum comentário:
Postar um comentário